terça-feira, 29 de abril de 2008

Primavera!!!

"É Primavera agora, meu Amor!
O campo despe a veste de estamenha;
Não há árvore nenhuma que não tenha
O coração aberto, todo em flor!"

Florbela Espanca

Já dizia a Florbela, aquela cujo nome não nos criava arrepios até há poucos anos...Agora parece impossível não associar a uma voz irritante cheia de fadinhas e florzinhas e coisas burrinhas...
Mas voltando à quadra em questão, devo dizer que não sou uma fã da Florbela Espanca, nunca fui, mesmo na fase adolescente dos poemas trágico-apaixonados... Mas esta quadra traz-me recordações especificas de tempos idos em que representei numa peça onde eram declamados diversos poemas da Florbela Espanca.. Verdade é que desde então não passou uma Primavera onde a minha voz mental não começasse a declamar esta quadra com uma voz digna da Mona Lisa... ou então:

"Há uma primavera em cada vida:
é preciso cantá-la assim florida,
pois se Deus nos deu voz, foi para cantar!"


...Também da dita senhora... Mas se é verdade que a Primavera é a estação do Amor, tão bem pintado pela poetiza, deixo-vos com um último poema, da Espanca, pois então, fiel representante da Primavera na sua versão mais "apaixonada"...os passarinhos andam no ar e tal... Enfim, sejam gráficos!!!

A tua voz na primavera

Manto de seda azul, o céu reflete
Quanta alegria na minha alma vai!
Tenho os meus lábios úmidos: tomai
A flor e o mel que a vida nos promete!
Sinfonia de luz meu corpo não repete
O ritmo e a cor dum mesmo beijo... olhai!
Iguala o sol que sempre às ondas cai,
Sem que a visão dos poentes se complete!
Meus pequeninos seios cor-de-rosa,
Se os roça ou prende a tua mão nervosa,
Têm a firmeza elástica dos gamos...
Para os teus beijos, sensual, flori!
E amendoeira em flor, só ofereço os ramos,
Só me exalto e sou linda para ti!


Florbela Espanca

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Palavras para quê?






"Eu acredito em Deus, só que lhe chamo Natureza"






Frank-Lloyd Wright



(1867-1959)

terça-feira, 1 de abril de 2008

Páscoa no Luso ou o meu aniversário




Ter o aniversário num fim-de-semana prolongado (viva o cristianismo!!!) é sempre um bom motivo para fazer as malas e zarpar para qualquer recanto... Tomada a difícil decisão de que sitio visitar, decidimo-nos pela Serra do Buçaco, em particular o Luso que, confesso, não conhecia até à altura. Roupa arrumada, material de desenho empacotado, máquina fotográfica com bateria carregada e rumo à Serra... Na verdade chegar lá não foi assim tão linear, pois a Páscoa pode traduzir-se, entre outras coisas (folar, amêndoas, etc) em inúmeros acidentes e trânsito parado na autoestrada. O Hotel do Luso é fantástico, tenho de referir, embora nos destacássemos por não estarmos particularmente interessados nas termas (erro nosso, claro), fomos bem recebidos e acabou por ser a nossa base enquanto nos aventurávamos pelas redondezas.





No dia seguinte partimos para Arganil..Terra simpática e bem tratada, onde fiz de turista tirando fotografias a canteiros, de rabo espetado em plena rua principal. Passámos por Secarias, lugar de uma beleza mágica e visitámos Meda de Mouros, onde o sentimento de "somos de fora" que nos é transmitido é suplantado pela paisagem do miradouro.





Ainda no mesmo dia, visitámos Coja (quem por lá passa tem de parar!) e a Fraga de Pena onde as quedas de água e toda a vegetação transmitem uma calma característica. Admito que não explorei todos os caminhos, pois com a minha "aptidão" para quedas, subir os degraus rombos talhados na pedra não seria de todo sensato.





O Sábado ficou condicionado pelo tempo: chuva e ventos fortes. Mesmo assim, fomos visitar o Palace Hotel em plena Serra do Buçaco. Na ida, passámos pela Cruz Alta (fotografar àquela altitude e com o vento que fazia não foi fácil), onde destaco, obviamente, a paisagem e a sensação de pequenez humana a conquistar alturas. O Palace Hotel em si é fantástico, digno de um conto de príncipes e princesas. Encontra-se rodeado por um jardim cuidadosamente desenhado que, como se vê nas fotografias, apaixonou-me. Repleto de camélias e magnólias em flor, as flores e folhas caídas tornavam cada passo um pisar de cores.





Já no Domingo e de regresso a casa, fizemos uma passagem-relâmpago por Coimbra. Era o meu aniversário e voltar já era saudosista. Fui então levada a Tomar, cidade que conheço e de cujos encantos não me canso. Porém, já me questionava o porquê de tanto tempo de paragem quando, surgindo do nada (pensava eu) vejo os meus amigos da "velha guarda"...Dos mais diversos pontos do nosso país, juntaram-se para me surpreender com um bilhete para uma peça de teatro no Convento de Cristo do grupo Fatias de Cá. O monumento é riquíssimo, a peça foi fabulosa (actores, texto e estrutura) e os meus amigos são, sem dúvida, uns "amigos do Bufo".