sexta-feira, 26 de março de 2010

Humor de chuva

Já há alguns dias que o meu humor anunciava chuva...Tempos de cansaço, desilusão e ironia divina...
Enfiada no carro aguardo que o trânsito se digne a acordar. Gotas gordas e preguiçosas caem no vidro... Num carro idoso, vermelho-vinho que já sentiu anos de sol, vejo um dedo infantil através do vidro do banco traseiro virado para a minha faixa.
Brinca com o vapor que embaciou o vidro, desliza um traço que desenha a perna de um M. Em espelho, vejo letra após letra a surgir em tons de brincadeira. Vem um A, um R, um I... Será um menino Mário ou uma menina Maria? Mais um A e a dúvida evapora-se!
Uns cabelos de feno em tigela surgem a emoldurar um rosto que novamente embacia o quadro...
E sorri!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Chamaste?

Senti o teu toque nas minhas costas...
Leve, com um dedo apenas!
Um chamamento, um pedido de atenção.
Virei-me a sorrir!
Ali estavas em existência real...
Ali me olhavas com os teus olhos polidos.
Todo o meu corpo virou espera,
Toda eu exclamava questão!
Que anseio por te saber a saber de mim!
Quantas fantasias criei!
Histórias e músicas e futuros!
Um café! Um jantar! Uma fuga a dois pelo mundo fora!
Lia símbolos e sinais escondidos nos teus gestos:
A palma da mão virada para mim?
- Vontade do toque no meu corpo!
A inclinação do teu rosto?
- Receio de ser demasiada a tua ousadia!
Entreabriste os lábios:
-"Tens a etiqueta da camisola de fora."
-"Ug?! Ah! Obrigada."
Rodaste os pés e foste embora.
Corei!