O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos
6 comentários:
A pálida luz da manhã de inverno,
O cais e a razão
Não dão mais 'sperança, nem menos 'sperança sequer,
Ao meu coração.
O que tem que ser
Será, quer eu queira que seja ou que não.
No rumor do cais, no bulício do rio
Na rua a acordar
Não há mais sossego, nem menos sossego sequer,
Para o meu 'sperar.
O que tem que não ser
Algures será, se o pensei; tudo mais é sonhar.
Fernando Pessoa - Poesias Inéditas
Sim, já sei...
Há uma lei
Que manda que no sentir
Haja um seguir
Uma certa estrada
Que leva a nada.
Bem sei. É aquela
Que dizem bela
E definida
Os que na vida
Não querem nada
De qualquer estrada,
Vou no caminho
Que é meu vizinho
Porque não sou
Quem aqui estou.
Fernando Pessoa - Poesias Inéditas.
Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.
Fernando Pessoa, 2-8-1933.
I can't find myself
I can't find myself
I can't find myself
I can't find myself
In the head of this stranger in love
Holding on given up
To another under faded setting sun
And I wonder where I am...
Could she run away with him?
So happy and so young
And I stare
As I sing in the lost voice of a stranger in love
Out of time letting go
In another world that spins around for fun
And I wonder where I am...
Could he ever ask her why?
So happy and so young...
And I stare... But...
I can't find myself
I can't find myself
I can't find myself
I can't find myself
In the heart of this stranger in love
Given up holding on
To this other under faded setting sun
And I'm not sure where I am...
Would he really turn away?
So happy and so young...
And I stare...
As I play out the passion of a stranger in love
Letting go of the time
In this other world that spins around for one
And I'm not sure where I am...
Would she know it was a lie?
So happy and so young...
And I stare... But...
I can't find myself
I can't find myself
I can't find myself
I can't find myself
In the soul of this stranger in love
No control over one
To the other under faded setting sun
And I don't know where I am...
Should he beg her to forgive?
So happy and so young...
And I stare...
As I live out the story of a stranger in love
Waking up going on
In the other world that spins around undone
And I don't know where I am...
Should she really say goodbye?
So happy and so young
And I stare... But...
I can't find myself
I can't find myself
I can't find myself
I can't find myself
I got lost in someone else.
Estava agora a ler o teu blog e encontro o poema que "postei" a semana passada! ;)
Ainda não tinha visto! São das tais conicidências engraçadas da vida!
Beijinhooos*
Eu reparei, ehehe, somos pessoas com bom gosto!!!
Enviar um comentário